1. |
Intro
00:58
|
|||
2. |
Auto Retrato
03:35
|
|||
AÜSCÜLTA
Auto Retrato
(letra: Murillo Viana)
Não vou escolher entre um e outro.
O ser binário é polarizado.
Entre o norte e o sul existem vários lados.
O céu e o inferno...
O zero e um de informações.
Imaculado auto retrato.
Distraindo percepções.
O todo num extrato.
Sua cusparada só atinge a tela.
Sua piedade não cura feridas.
Seu discurso vago. O mesmo de um milhão.
Implorando por relevância.
Sua esmola social
Em troca de status.
Você não sente o cheiro.
Você perdeu o tato.
Sua cusparada só atinge a tela.
Sua piedade não cura feridas.
Seu discurso vago. O mesmo de um milhão.
Implorando por relevância.
E o curso de um país. Ladeira abaixo, vamos.
Sem mão suja de giz. Contato à distância.
Um beijo sem saliva. O amor só com as mãos.
No peito uma ferida onde nem mesmo sangra.
Não vou escolher entre um e outro.
O ser binário é polarizado.
Entre o norte e o sul existem vários lados.
O céu e o inferno...
|
||||
3. |
Descarte Humano
02:46
|
|||
AÜSCÜLTA
Descarte Humano
(letra: Murillo Viana)
Descarte humano.
Escandalizado estou, com nossa apatia.
Nosso desprezo vil com o semelhante ao chão.
É o escarro pra cima. É a flecha no tendão.
Detrito humano em cada esquina.
Vou fingir não acreditar.
Que sou culpado.
Causa e carrasco em sempre me ausentar.
Epistemologia ou René Descartes.
Não nos dirão nada. Ignorância é nossa arte.
Os ecos do passado gritam mesmo calados.
Os ossos corroídos, antes quebrados.
As unhas do cadáver não param de crescer.
E exigem que a memória não venha perecer.
As botas. Cem mil botas tremem o chão.
O harmônico passar e o caos na multidão.
O terror será necessário para adubar?
Essa sociedade, como o mato seco a queimar.
Os ecos do passado gritam mesmo calados.
Os ossos corroídos, antes quebrados.
As unhas do cadáver não param de crescer.
E exigem que a memória não venha perecer.
|
||||
4. |
Mar Lêntico
03:26
|
|||
Aüscülta
Mar Lêntico
(letra: Murillo Viana)
Quantas vezes mataremos o garoto suado?
Ele surge no desespero, cutucando nossa perna.
Ao chamar nossa atenção, ele espera amuado.
Ignorado ou não, sangrando, ele hiberna.
Amputado e rechaçado na seriedade febril.
Calculando seus passos longe do meio fio.
E o meio fio é o precipício do não autêntico.
No seguro obedecer. No gosto amargo do remédio.
Na fila sem caos, unilateral. No mar lêntico.
Na doença sempre iminente. No suspiro do tédio.
Amputado e rechaçado na seriedade febril.
Calculando seus passos longe do meio fio.
Essa rigidez é o rigor mortis do ser.
Cadavérico viver. No post-mortem amanhecer.
Decomposto. Sempre exposto à solidão.
Degradado. Envolto de corpos ao chão.
Nesse espasmo confundido com o movimentar querer.
Epifania tardia. No remorso, apodrecer.
Nada torna o passado um lugar tão bom
Pra visitar como a perspectiva da morte iminente.
Sem meus dentes, sem tesão.
Desenhei minhas rugas com facão.
O amor não é a morte do dever.
É preciso matar o menino pro homem nascer?
Tardio abraço no pueril eu.
O delírio é o ópio que a dor me concebeu.
|
||||
5. |
Deus Mercado
04:28
|
|||
AÜSCÜLTA
Deus Mercado
(letra: Murillo Viana)
Sobre todas as coisas, eles querem doutrinar.
Deus, vento abstrato. A quente brisa te cegará.
Amém à penitência. Amém à culpa profana.
Amém ao tapa oferecido. Amém ao medo de viver.
Aproveitam-se do desespero.
E com o poder da sugestão, te levam ao místico.
É o escuro do porão.
Qual será o inimigo? Em qual mega construção?
Onde assinam papéis ou onde o joelho cai ao chão?
E a combustão é espontânea.
Ao ouvir qualquer retórica sem nenhuma conclusão.
Nesse teatro patético, onde atores são vendedores.
Corretores de nuvens, onde o inquilino é escarnecido.
E a combustão é espontânea.
Ao ouvir qualquer retórica do altar ao palanque.
Quando o terno e a batina se misturarem no mesmo recinto.
O lucro e a loucura reinarão sobre o povo faminto.
O sangue e o pão da eucaristia não alimentam.
O canibalismo é social.
E o deus mercado! Da favela.
E o deus mercado! Ao mármore.
E o deus mercado! Todos nós.
E o deus mercado! Sucumbiremos.
Sobre todas as coisas, eles querem doutrinar.
Deus, vento abstrato. A quente brisa te cegará.
|
||||
6. |
Ode À Melanoma
03:26
|
|||
Aüscülta
Ode À Melanoma
(letra: Murillo Viana)
O novo chicote em nossas mãos é o velho "não".
E o desvio do olhar a nos dilacerar.
Desde Dandara e Zumbi, eles estão aqui.
O estorvo do ser. No espelho, refletir.
O velho chicote em nossas mãos é o novo "não".
E o desvio do olhar a nos dilacerar.
Mais um branco imbecil vai conjecturar.
O que não sente na pele. No desigual brilhar.
Colônia de exploração no arrogante invadir.
Incubadores doentes. Seus vírus, disseminar.
Enxotando os donos da Terra Serigy.
Malditos vermes famintos que o sol à de queimar.
Quinhentos anos depois, no cárcere moderno.
Eles ainda estão aqui, no inferno.
Comendo o pão que o diabo regurgitou.
Escalando a desigual montanha social.
Comendo o pão que o diabo regurgitou.
Escalando a desigual montanha social.
Enquanto a burguesia branca feder no poder.
Veremos o que a meritocracia tem à oferecer.
Miséria e morte!
|
Streaming and Download help
If you like Aüscülta, you may also like:
Bandcamp Daily your guide to the world of Bandcamp